24/10/2011

Perder a memória



Acordei com medo de perder a memória. Lembrava-me, repentinamente, de tudo, Funes renascido, esquecia-me vertido um segundo. Era um turbilhão. Acordei e pensei que um dia esqueceria este medo. Fiapos de gente que também seria esquecida.

"Onde estás?". "Nos confins". "Onde, mesmo?". "Nos confins, essa terra de todos e gente nula, onde a memória se debruça num lago e acabar por sonhafogar-se em recordações". "Estás, portanto, à espera". "Sim, à espera, mas não de algo ou alguém". "Porque esperas, nesse caso?". "Espero até esquecer as mágoas. Espero até não achar mais os confins, até que eles me pareçam o centro de tudo e não lhes perceba a fronteira". "Aguardas a tua morte, é isso?". "Não, aguardo o tempo em que acordarei com medo de perder a ideia de morrer. É que perder a ideia de morrer significa perder a ideia de suspirar, o jeito de viver, a candura de amar um amor surripiado". "E a morte de outrém? A minha?". "A tua não a posso esperar. É um segredo teu e das tuas pegadas. Olha bem para elas. Se tiverem uma sombra penumbrenta, ela está à espreita".

23/10/2011

when I was older



when I was older,
I wanted to be a flight to heaven,
a thing of stars,
a show of tunes and blessed grass.

I when older wanted to know no bounds.
I was all figures,
I created myself
A thing of leaves,
A tree of scents.

when older I wished no anguish, no serenity,
only a calm of forests
nether hallows of no people and no storms.

when I was older I had orange hearts,
and purple hair, and cosmic minds.
and I worried none. because universes were mine to fly.


20/10/2011

quatro meses mais um




e.e. cummings

my father moved through dooms of love 
through sames of am through haves of give, 
singing each morning out of each night 
my father moved through depths of height

this motionless forgetful where 
turned at his glance to shining here; 
that if(so timid air is firm) 
under his eyes would stir and squirm

newly as from unburied which 
floats the first who,his april touch 
drove sleeping selves to swarm their fates 
woke dreamers to their ghostly roots

and should some why completely weep 
my father's fingers brought her sleep:
vainly no smallest voice might cry 
for he could feel the mountains grow.

Lifting the valleys of the sea 
my father moved through griefs of joy; 
praising a forehead called the moon 
singing desire into begin

joy was his song and joy so pure 
a heart of star by him could steer 
and pure so now and now so yes 
the wrists of twilight would rejoice

keen as midsummer's keen beyond
conceiving mind of sun will stand,
so strictly(over utmost him
so hugely) stood my father's dream

his flesh was flesh his blood was blood:
no hungry man but wished him food;
no cripple wouldn't creep one mile
uphill to only see him smile.

Scorning the Pomp of must and shall
my father moved through dooms of feel;
his anger was as right as rain
his pity was as green as grain

septembering arms of year extend 
yes humbly wealth to foe and friend 
than he to foolish and to wise  
offered immeasurable is

proudly and(by octobering flame 
beckoned)as earth will downward climb, 
so naked for immortal work 
his shoulders marched against the dark

his sorrow was as true as bread:
no liar looked him in the head; 
if every friend became his foe 
he'd laugh and build a world with snow.

My father moved through theys of we, 
singing each new leaf out of each tree 
(and every child was sure that spring 
danced when she heard my father sing)

then let men kill which cannot share, 
let blood and flesh be mud and mire, 
scheming imagine,passion willed, 
freedom a drug that's bought and sold

giving to steal and cruel kind, 
a heart to fear,to doubt a mind, 
to differ a disease of same,
conform the pinnacle of am

though dull were all we taste as bright, 
bitter all utterly things sweet,
maggoty minus and dumb death 
all we inherit,all bequeath

and nothing quite so least as truth
--i say though hate were why men breathe--
because my Father lived his soul 
love is the whole and more than all

05/09/2011

Descobrir a pólvora

Daniel Oliveira diz que "temos, em Portugal, como no resto do mundo ocidental, uma nova corrente ideológica. Uma espécie de neoliberalismo de Estado."

A noção de que o neoliberalismo é uma ideologia anti-Estado e anti-redistribuição continua a colonizar discursos mais ou menos progressistas, mais ou menos populistas e mais ou menos demagógicos. De um lado e de outro. Aquilo que me incomoda, quando esta noção é repetida ad nauseam, é relativamente simples. Primeiro, é falsa. Segundo, é perniciosa.

É falsa porque o tal "neoliberalismo de Estado" não é novo. O prefixo "neo-" é enganador, porque o neoliberalismo não recupera qualquer tradição liberal ou anti-estatista; é, como toda a gente percebeu em 1973, um conjunto de práticas que visa a reconfiguração do Estado para a providência corporativa e a transferência contínua do risco para a(s) sociedade(s). Não há aqui qualquer novidade. É dito, no mesmo texto, que "em vez do velho debate entre Estado Providência e Estado mínimo, aquilo a que assistimos é a uma síntese: o Estado cobrador." O "velho debate" morreu à nascença. Philip Mirowski já escreveu extensivamente sobre a genealogia e desenvolvimento intelectual daquilo a que se chama economia neoclássica e o seu braço armado, o tal "neoliberalismo". Os seus ideólogos nunca foram anti-estatistas; foram e são, isso sim, hipócritas com uma capacidade admirável, admita-se, para mistificar a realidade (equiparando democracia a capitalismo), usar preconceitos historicamente adquiridos para promover interesses ocultos e manipular o debate público, através de think-tanks e da monopolização sistemática dos meios de produção e difusão da informação. Foi assim que nos convenceram de que o seu espírito revolucionário e puritano servia os interesses da maioria.

É por isso que se acredita que o neoliberalismo é originalmente anti-Estado. Embora encerre uma contradição evidente com a prática neoliberal, trata-se de um artifício discursivo que legitima a sua ascensão - porque, assim, a cruzada neoliberal transforma-se em cruzada pela liberdade, contra a servidão e contra os interesses instalados. Apesar de ser uma cruzada reaccionária e conservadora que recupera as satrapias como imperativo político e dependeu sempre do patrocínio público para se impor enquanto senso comum.
Ainda que tenhamos provas históricas suficientes para contestar e enterrar esta ideia, ela continua a surgir. A palavra "fanatismo" parece exagerada, mas, olhando para Reagan, Thatcher, Roger Scott, Pinochet ou Carlos Menem, não podemos evitá-la. O neoliberalismo é estatista e os seus ideólogos não pretendem desarmar a sua arma preferida. São darwinistas sociais que acreditam na punição da diferença e não hesitarão em aumentar as despesas com a vigilância e a violência legitimada pelo Estado.

A ideia é perniciosa porque impede a esquerda de formular uma alternativa real ao pensamento único. Continuando a promover esta versão da história, comentadores como Daniel Oliveira legitimam a revisão da história do neoliberalismo. Legitimam a ideia de que o Estado continua a ser "destroçado" ou "minado" pela quinta coluna neoliberal. É necessário combater esta ideia. Aqui há uns tempos, já falei da obra de Loïc Wacquant. Em poucas palavras: se o neoliberalismo, após 2001, se transformou, foi ao deitar as garras de fora e acelerar a transformação do Estado num leviatã penal. Onde as regiões sombrias do mundo social são transformadas num pesadelo orwelliano e as regiões olímpicas parecem utopias saídas de Huxley. O Estado não está a ser minado pelo neoliberalismo. O Estado é, hoje por hoje, um instrumento de recomposição radical da realidade à medida de plutocratas. Não é o último reduto da justiça e democracia. Deixemo-nos de efabulações e chamemos as coisas pelos nomes. A esquerda anda em modo defensivo há décadas por várias razões. Esta é uma delas: fala-se muito do Estado, mas não se discute ou teoriza o mesmo. É um dado adquirido ou uma divindade incognoscível. Tiradas bafientas como "neoliberalismo de Estado" apenas contribuem para dar mais gás às mistificações de gente como o Álvaro, que diz não saber o que é um neoliberal.

31/07/2011

Scandinavian afternoon


Akersshusstranda, Oslo, 18:30: um grupo de 15 brasileiros faz a festa numa esplanada. Descubro-me iberoamericano uma vez mais, nesta terra de gente afável, mas pouco dada a grandes explosões (ainda assim, e dadas as circunstâncias - vêem-se flores, peluches e mensagens em Akers Brygge -, as gentes de Oslo parecem mais dadas a sorrisos e gargalhadas que em Berlim. Coisas curiosas.

23/06/2011

os títulos...

Caminhámos por esses regaços velhos, esses cântaros vadios. Eu de cinzas a tiracolo, tu algures, algures nos céus ou nos universos - conforme as sortes - tentando pesar pouco, pesar uma vida cortada ao meio.

E como é que isso se faz? Quando estás reduzido a cinzas e eu não sei porque é que devo continuar a agir como se todas as injustiças do mundo fossem importantes.

E eu quero uma vida velha, velha que me leve atrás na flecha do tempo, esculpi-la para que vá de marcha à ré e possamos começar onde nunca pudemos começar; repensar tudo o que devia ter sido repensado.

Choro por todas as palavras que ficaram por dizer. Foram muitas. Muitas e os teus olhos, que deitavam faúlhas lancinantes de tristeza porque foste obrigado a ir embora. E olhas-me. E olhas-lhe. E sabes. Que nada podemos fazer, a não ser limpar-te as lágrimas e fingir que os sons guturais emanados da tua garganta querem dizer alguma coisa.

Esperaste por mim. E era essa a pergunta que eu precisva de ver respondida.

11/06/2011

As coisas que ficaram por dizer



As coisas que ficaram por dizer. E que ficaram por ouvir. Que nós não somos de ferro, nem de aço, nem de furor.

Posso chorar, pai?

03/04/2011

Até já...

Eis-me em Berlim. De novo. E, desta feita, com um lastro pesado e denso. Em frente, um mundo de incertezas, a descoberta de um espaço novo, gente ligeiramente hostil, apesar de interessante, apesar do prestígio, apesarapesarapesarapesar...

E tudo o que fica aqui dentro. Nunca para trás. Nunca alguém como a a. (pegaste-me esta coisa das iniciais; adoro), que me deixou a chorar. Nunca alguém como a m., o z., o a., o g., a a. (outra a.) ou a x.. Nunca alguém com a d. e o c. Nem o r. e a j. (e outra a., pequenina e encaracolada...). Vocês nunca ficam para trás. Estão sempre no meu futuro, porque esta viagem, de garganta e coração apertado, nunca poderia ser somente de ida. Ao contrário do que disse, muitas vezes, no auge da fúria, no paroxismo da frustração, a minha casa são vocês todos. E eu nunca poderei sair dessa casa.

Até já.

26/03/2011

É fácil trocar as palavras. Difícil é interpretar os silêncios.


"É fácil trocar as palavras,
Difícil é interpretar os silêncios!
É fácil caminhar lado a lado,
Difícil é saber como se encontrar!
É fácil beijar o rosto,
Difícil é chegar ao coração!
É fácil apertar as mãos,
Difícil é reter o calor!
É fácil sentir o amor,
Difícil é conter sua torrente!

Como é por dentro outra pessoa?
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.

Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição
De qualquer semelhança no fundo."


E eis que me vejo a ler Pessoa. São momentos da vida.

22/03/2011

Nas vésperas da crise, continuamos a querer outro mundo.



É uma boa altura para voltar a acreditar.

Em qualquer coisa.

Em qualquer coisa que não seja este estertor e esta narrativa bafienta e esta eterna obsolescência a que adamastores, sonegadores, velhos do restelo e gestores competentes nos condenam todos os dias das nossas vidas.

Pois bem: Chega.

Chega de cortes, chega de violência, chega de melancolia e chega, acima de tudo, chega de conformismo. Não salvem bancos, salvem pessoas. É isso que vamos fazer. De uma vez por todas, criar uma vida nova, viver uma criatividade nova. Para todos, tudo. Liberdade, o direito à livre expressão, coisas belas e radiantes para toda a gente. É o que eu quero. É o que tu queres. Portanto, que esperas?

Portugal - Uncut!

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16/03/2011

Yi yi



Vida improvisória. Farto de partidas e voltas trocadas, saudades adiadas, coisas perdidas. Cansado de recobrar - isto de respirar fundo e só-mais-uma-vez-para-fechar requer uma inquebrável força.

Redimo-me ou perco-me ofuscado na luz.

Vida improvisória. Que eu já nem sei onde pára essa coisa chamada serenidade.

07/03/2011

End of chapter



Porquê?

Porque preciso de sentir que está concluído. E que não há pontas soltas. Para que não sobrem assombrações ou espectros impunes.

Sei que isto é difícil de compreender. Somos ensinados a tomar decisões rápidas, a agir por omissão e a resolver tudo com a maior linearidade possível.

Espero que essa sensação de closure surja agora; que não estiquemos este tempo até se tornar uma memória morta-viva. Que possamos respeitar-nos, eventualmente; não agora, mas um dia. Sei que tentei. Às vezes, desesperado. Outras, sabendo que era a pior escolha. Ainda outras, reconhecendo que não devia gastar assim a minha energia. Mas não pude evitá-lo. Agora, que já não resta absolutamente nada, que já nem sequer te reconheço - foram demasiadas coisas que nunca poderei compreender -, posso dizer que só preciso de sentir que este capítulo está, finalmente, encerrado. Seis meses de travessia no deserto e uma tristeza que nunca mais quero carregar aos ombros.

Doeu e ainda dói. Mas preciso de aceitar essa dor-tristeza. E trilhar outro caminho qualquer.

02/03/2011

Utopia?



Cidade
Sem muros nem ameias
Gente igual por dentro
Gente igual por fora
Onde a folha da palma
afaga a cantaria
Cidade do homem
Não do lobo, mas irmão
Capital da alegria

Braço que dormes
nos braços do rio
Toma o fruto da terra
É teu a ti o deves
lança o teu desafio

Homem que olhas nos olhos
que não negas
o sorriso, a palavra forte e justa
Homem para quem
o nada disto custa
Será que existe
lá para os lados do oriente
Este rio, este rumo, esta gaivota
Que outro fumo deverei seguir
na minha rota?


Dia 12, estaremos lá.

19/02/2011

Corram, filhos, corram até nos encherem os bolsos (a todos os meus amigos alienados, desadequados, deprimidos e desesperados)


“Reject the Rat Race”
Jimmy Reid

Glasgow University rectoral address, 1972

Alienation is the precise and correctly applied word for describing the major social problem in Britain today. People feel alienated by society. In some social circles it is treated almost as a new phenomenon. It has, however, been with us for years. What I believe is true is that today it is more widespread, more pervasive than ever before. let me right at the outset define what I mean by alienation. It is the cry of men who feel themselves the victims of blind economic forces beyond their control. Many may not have rationalized it. May not even understand, may not be able to articulate it. But they feel it. It conditions and colors their social attitudes.

Alienation expresses itself in different ways by different people. It is to be found in what our courts often describe as the criminal antisocial behavior of a section of the community. It is expressed by those young people who want to opt out of society, by dropouts, the so-called maladjusted, those who seek to escape permanently from the reality of society through intoxicants and narcotics. Of course it would be wrong to say it was the sole reason for these things. But it is a greater factor in all of them than is generally recognized.

Society and its prevailing sense of values leads to another form of alienation. It alienates some from humanity. It partially dehumanizes some people, makes them insensitive, ruthless in their handling of fellow human beings, self- centered and grasping. The irony is that they are often considered normal and well adjusted. It is my sincere contention that anyone who can be totally adjusted to our society is in greater need of psychiatric analysis and treatment than anyone else. It is easy and tempting to hate such people. However, it is wrong. They are as much products of society and a consequence of that society, human alienation, as the poor dropout. They are losers. They have lost essential elements of our common humanity. Man is a social being. Real fulfillment for any person lies in service to his fellow men and women.

Any society which, for example, permits over one million people here to be unemployed is far too permissive for my liking. Nor is it moral laxity in the narrow sense that this word is generally employed - although in a sense here we come nearer to the problem. It does involve morality, ethics and our concept of human values. The challenge we face is that of rooting out anything and everything that distorts and devalues human relations.

There is a widespread, implicit acceptance of the concept, and the term, the rat race. The picture it conjures up is one where we are scurrying around scrambling for position, trampling upon others, back-stabbing, all in pursuit of personal success. Even genuinely intended friendly advice can sometimes take the form of someone saying to you, "Listen, you look after Number One." Or as they say in London, "Bang the bell, Jack, I'm on the bus." To the students I address this appeal - reject these attitudes - reject the values and false morality that underline these attitudes. A rat race is for rats. We are not rats. We are human beings. Reject the insidious pressures of society that would blunt your critical faculties to all the happenings around you that would caution silence in the face of injustices lest you jeopardize your changes of promotions and self advancement.

This is how it starts and before you know where you are you are a fully-paid up member of the rat pack. The price is too high. It entails a loss of your dignity and human spirit. Or as Christ put it: ‘What does it profit a man if he gain the whole world and suffer the loss of his soul.’ Profit is the sole criterion used by the establishment to evaluate economic activity. From the rat race to lame duck. The vocabulary in vogue is a giveaway. It's more reminiscent of a human menagerie than human society. The power structures that have inevitably emerged from this approach threaten and undermine our hard-won democratic rights. The whole process is towards the centralization and concentration of power in fewer and fewer hands. Giant monopoly companies and consortia dominate almost every branch of our economy. The men who wield effective control within these giants exercise a power over their fellow men which is frightening and is a negation of democracy.

If modern technology requires greater and larger productive units, let's make our wealth-producing resources and potential subject to public control and to social accountability. Let's gear our society to social need, not personal greed. Given such creative reorientation of society, there is no doubt in my mind that in a few years we could eradicate in our country the scourge of poverty, the underprivileged, slums and insecurity. Even this is not enough. To measure social progress purely by material advance is not enough. Our aim must be the enrichment of the whole quality of life. It requires a social and cultural, or if you wish, a spiritual transformation of our country. A necessary part of this must be the restructuring of the institutions of government, and, where necessary, the evolution of additional structures so as to involve the people in the decision-making processes of our society.

My conclusion is to reaffirm what I hope and certainly intend to be the spirit permeating the address. It’s an affirmation of faith in humanity. All that is good in man’s heritage involves recognition of our common humanity - an unashamed acknowledgment that man is good by nature. It’s my belief that all the factors to make a practical reality of such a world are maturing now. I would like to think that our generation took mankind some way along the road toward this goal. It’s a goal worth fighting for.


Se, por acaso do destino, vier a dar aulas, esta será a primeira leitura dos meus alunos. Depois, terei de lhes explicar porque é que, entre 1972 e 2011, quase tudo o que é dito aqui permanece actual.

16/02/2011

green field



This is at the end of that green field.
Where we said goodbye for the umpteenth time.
Where we jazzed up our tears and snow began pouring.
Then sun.
Then nothing.

We forgot the sun, my love, that's what I keep saying.
No, you forgot me and the moon was your mistress, you keep telling.

Then sun,
Then oblivion,
Then a song comes through and trees goes on crying like they was

like they were

what was that, you say
are you correcting the world for its grammar?
you say

and I cry,
because it is no longer green, this field where we used to dream,

you say,
you cry because you can't trust the future.

I say to you that the future cannot embrace anyone, so yes, I distrust it;
while the past reviled may impregnate wonders into a child's mind,
the future is only a promise

you say,
and I cry,
and I try to be manly
for the umpteenth time.

I say that the trees are the ones who cry, that we are just saying that final goodbye,

and you say to me that I should be happy because it was no longer.
it was no longer.

anything the sort you dreamed. you were a ghost in your own memory, you whisper.
yes, I was a ghost in my own whisper, a valkyrie you turned into a forlorn love because
and because
and because
you say,
we are no more.

and the field turns blue, we are no longer. we are not make lovers. we are not make believe lovers. we are not jazz anymore notes anymore gods and goddesses, we are just puppets singing in a blue field at the end of night.

should you be happy? you are happy.
you say,
you are happy because you are light now. you are light and you smile

I lay there, wide awake, while you leave, smiling.

so don't go at me with hopes high and highrise smiles.
let me cry with my trees, baby. let me cry with my sadness and just delight her in my companionship, we do not know our bodies anymore, we are two highways parallel, never cross each other never again, never never, yet I stroll to you in afternoons forgotten.

just maybe the field is green in a dream and I may press reset in my button of Fate.
then
you say,
don't cry, honey.
don't cry as I'm here and I'm your island, I'm your desert storm, I let you stir me.

But it's just a dream, and the field is blue at the end of sunrise.

13/02/2011

Um discurso bom para domingo à tarde (e pouco mais)



É pena. Colin Firth, Geoffrey Rush e Helena Bonham Carter. Trio de luxo para um filme leve, levezinho, quase tão leve como outra história uplifting, Invictus. Bom para um domingo à tarde, mas um desperdício de tempo na sala. Bom, bom, foi mesmo este trailer:



Promete.

...a very discomforting truth



...tarde demais.

12/02/2011

Esquerdo-Direito...



O lado esquerdo não me deixa dormir. O lado direito não me deixa serenar. E, na realidade, precisam de conviver. Não acredito em segundas oportunidades, porque esse tempo passou, muitos sóis se puseram e supernovas morreram. Entretanto, mais filas de aeroportos me aguardam, desta feita numa viagem de ida que não queria tão só.

E encontro-me contrariadamente só pela primeira vez, enquanto aguardo algo que nada trará de novo e não mudará coisa alguma. Ainda assim, aguardo. Porque o lado direito, ainda que me faça sofrer, também é aquele que me faz sonhar e sentir e ser holístico.

Venham os vendavais, meu amor perdido. Que ainda aqui estarei, depois de nos termos esquecido definitivamente. Nesse dia, rumarei a sul sem mágoas ou remorsos, apenas uma impressão de copo meio-vazio que terei de preencher. E já não terás de fugir, nem de mim, nem de nada. Seremos dois corpos apartados pelas leis inapagáveis do universo. Mas também seremos dois corpos menos capazes de sorrir, tenho a certeza. Menos capazes de sorrir e olhar com cumplicidade.

Mas eles que venham, os vendavais. E enfrentá-los-emos, cada um em seu repouso, cada um deitado em corpos estranhos, e cada um sorrindo menos calor.

11/02/2011

2011, ou como devemos parar de olhar para cima



Definitivamente, devemos começar a olhar para baixo. Para latitudes meridionais. Porque a setentrionalidade destroçou a sanidade de quem pretende ser civilizado, estável, eficiente, competitivo, contra a inflação e contra os extremistas.

Se calhar, só se calhar, no dia 12 de Março, vamos começar a perceber que é preciso olhar para baixo e procurar outras referências.

10/02/2011

Para onde vais, Pablito?




SI TÚ ME OLVIDAS

QUIERO que sepas
una cosa.

Tú sabes cómo es esto:
si miro
la luna de cristal, la rama roja
del lento otoño en mi ventana,
si toco
junto al fuego
la impalpable ceniza
o el arrugado cuerpo de la leña,
todo me lleva a ti,
como si todo lo que existe,
aromas, luz, metales,
fueran pequeños barcos que navegan
hacia las islas tuyas que me aguardan.

Ahora bien,
si poco a poco dejas de quererme
dejaré de quererte poco a poco.

Si de pronto
me olvidas
no me busques,
que ya te habré olvidado.

Si consideras largo y loco
el viento de banderas
que pasa por mi vida
y te decides
a dejarme a la orilla
del corazón en que tengo raíces,
piensa
que en ese día,
a esa hora
levantaré los brazos
y saldrán mis raíces
a buscar otra tierra.

Pero
si cada día,
cada hora
sientes que a mí estás destinada
con dulzura implacable.
Si cada día sube
una flor a tus labios a buscarme,
ay amor mío, ay mía,
en mí todo ese fuego se repite,
en mí nada se apaga ni se olvida,
mi amor se nutre de tu amor, amada,
y mientras vivas estará en tus brazos
sin salir de los míos.

07/02/2011

Paul Haggis e Moby pós-punk (?!)



Do último Paul Haggis.

Don't speak to me this way
Don't ever let me say
Don't leave me again [x2]
I never felt this loss before
And the world is closing doors
I never wanted anything more
[x2]
Don't hug me this way
Don't touch me this way
Don't hug me again [x2]
Don't hug me this way
Don't touch me this way
Don't hug me this again [x2]
I never felt this loss before
And the world is closing doors
I never wanted anything more
Don't let me make the same mistake again
Please, don't let me make the same mistake again
Don't let me make the same mistake again
I never felt this loss before
And the world is closing doors
I never wanted anything more
Please, Don't let me make the same mistake again [x2]


E o melhor momento de um filme muito, muito mediano.

O planeta também fuma?



Mais pensamentos fugidios...

04/02/2011

Biutiful



Como se palmilha a luz num mundo cheio de trevas? Uxbal e eu não sabemos. Mas tentamos...

02/02/2011


O que quero? De verdade, assim verdadinha? Lembrar-me daquele rosto. De lhe saber as feições mesmo antes de observá-las.

O que quero? De verdade, assim verdadinha? Esquecer aquele rosto. Ser capaz de apagá-lo, de deslembrá-lo, de deixá-lo carcomido pela velocidade do mundo.

E tudo para o rosto e a voz e a mão que já não respinga na minha, soçobrando levemente. Porque eu quero e não quero esquecer, quero e não quero lembrar; julgo que é a minha alma que soçobra e sofre um sismo de epicentro ali bem no meio de mim. Eis que me acho dividido e não sei como não ser-sim ser. Se uma verdadinha ou uma mentirinha. Desejo sentir-me leve, mas não oco, feliz, mas não ligeiro. E toda essa ligeireza e leveza e fortaleza e torpeza me dão azo a esquecer. E, quando esqueço, dou por mim a escavar nos meandros da memória até achar um relembrete, para que possa tornar ao passado e sonhar passados distintos.

Quando irá isto terminar, afinal? Que eu não quero mais mentirinhas ou verdadinhas ou sismos contínuos. Queremos paz neste nosso cerne de universo, neste nosso poço de galáxias que não partilhamos levianamente. E tudo terminou e ficamos a pensar se terá mesmo acabado. E volta o turbilhão. E o rosto e a voz e a mão que respinga na minha ainda aqui ficam, mas não são os mesmos. Foi lindo, mas tornou-se irrespirável.

Esta gente, esta gente cujo rosto


Praça Tahrir, Cairo

Esta Gente
Esta gente cujo rosto
Às vezes luminoso
E outras vezes tosco

Ora me lembra escravos
Ora me lembra reis

Faz renascer meu gosto
De luta e de combate
Contra o abutre e a cobra
O porco e o milhafre

Pois a gente que tem
O rosto desenhado
Por paciência e fome
É a gente em quem
Um país ocupado
Escreve o seu nome

E em frente desta gente
Ignorada e pisada
Como a pedra do chão
E mais do que a pedra
Humilhada e calcada

Meu canto se renova
E recomeço a busca
De um país liberto
De uma vida limpa
E de um tempo justo


Sophia de Mello Breyner Andresen

31/01/2011

Se a sentes como revolução, é uma revolução.






E a versão de estúdio:


I'm the voice of the uprisers,
I'm the right of the oppressed,
they took away our rights and shut the door on us,
what are they thinking, we are not afraid,
i am the voice of the uprisers who are not afraid,
our voice will not die,
i am the voice of the uprisers who are not afraid,
i am free and my word is free (2x)
dont forget the rights of our bread,
don't forget the igniter of this story/revolution( Mohammed Bouazizi),
i am the voice of the free,
i am the voice of the uprisers, our voice will not die,
i'm the voice of the uprisers who are not afraid,
i'm the secret of the red rose(Tunisia),
the people who felt and mourned for her for years and rose up with fire.




Simplesmente assombroso. E os cépticos, pedantes e plastificados, da blogosfera e dos autocarros, dos telejornais e das revistas, que voltem às suas considerações com cheiro a snobismo empedernido.

Se a sentes como revolução, é uma revolução. Mesmo que tudo volte ao mesmo, nada volta a ser igual.

May we never part. May we never forget. May we never be alone together again. (Southbound)

Porque sou um cobarde, escondi. E reconheço a cobardia. Noutro momento, revelarei aquilo de que, agora, me envergonho. Mas, ao passo que a cobardia deve ser reconhecida, se quisermos combatê-la, não reconheço mais moralismos altaneiros, que julgam preservar-se em obscurescências e afectações despudoradas. Que me assombram, como de costume, porque escolhi não impôr nada, nunca, a não ser a dignidade, e seguir um caminho silencioso. Para alguns, essa opção é irreal: a crítica é a crítica, endeusada, que vos torna pessoas. Eu, por mim, reservo uma viagem e ponho-me a andar. Que o meu tempo, neste hemisfério, está a poucos anos de terminar.

Por isso, adeus. Que as auroras austrais esperam por mim.

30/01/2011

Somos todos parvos




A todos os amigos, inimigos, conhecidos, desconhecidos, familiares e desfamiliares da minha geração. De nós, a quem prometeram mundos e fundos. De nós, a quem legaram um mundo parvo onde somos escolarizados e escravizados. Aos outros, sorte para vocês. A nós, que temos bolsas, estágios e coisas demais, "esta situação dura há tempo demais". Já basta. Que este seja o nosso hino, porque precisamos de música nova. Para os deixarmos a bailar.

‎"Sou da geração sem remuneração
e não me incomoda esta condição.
Que parva que eu sou!
Porque isto está mal e vai continuar,
já é uma sorte eu poder estagiar.
Que parva que eu sou!
E fico a pensar,
que mundo tão parvo
onde para ser escravo é preciso estudar.

Sou da geração ‘casinha dos pais’,
se já tenho tudo, pra quê querer mais?
Que parva que eu sou
Filhos, maridos, estou sempre a adiar
e ainda me falta o carro pagar
Que parva que eu sou!
E fico a pensar,
que mundo tão parvo
onde para ser escravo é preciso estudar.

Sou da geração ‘vou queixar-me pra quê?’
Há alguém bem pior do que eu na TV.
Que parva que eu sou!
Sou da geração ‘eu já não posso mais!’
que esta situação dura há tempo demais
E parva não sou!
E fico a pensar,
que mundo tão parvo
onde para ser escravo é preciso estudar.
Que mundo tão parvo
onde para ser escravo é preciso estudar.

29/01/2011

No baú V - Abre alas, solidão




Encontrado num livro, algures em Oeiras, com uma caligrafia semelhante à minha - diz que é a minha, mas não quis acreditar:

"Tens olhos de lua e
coração de cometa:
sonhas à noite, à
procura do dia, e
voas, sozinha, no
Universo de todas as
cores.
Renasce em cada um
destes contos e sorri;
vive nos meus olhos e
sê feliz. De todas as
cores..."

(está bem, fui eu... será que ainda posso sorrir?)

24/01/2011

Elogio



We've come a long long way together,
Through the hard times and the good,
I have to celebrate you baby,
I have to praise you like I should.

E talvez seja preciso celebrarmo-nos mais.

Porcelana - antes que se parta toda



In my dreams I'm dying all the time
As I wake its kaleidoscopic mind
I never meant to hurt you
I never meant to lie
So this is goodbye
This is goodbye

Tell the truth you never wanted me
Tell me

In my dreams I'm jealous all the time
As I wake I'm going out of my mind
Going out of my mind.

Marcou-me. Por isso, guardo-a aqui.

Cascade



We're still human...

23/01/2011

17/01/2011

Never take them as they are, but as they should be



"Then, on October 19, 1944, he was transported to Auschwitz concentration camp, where he was processed and spent a number of days[6] and then was moved to Türkheim, another Nazi concentration camp affiliated with Dachau, where he arrived on October 25, 1944, and was to spend 6 months and 2 days working as a slave-labourer. Meanwhile, his wife had been transferred to the Bergen-Belsen concentration camp, where she was murdered; his father passed away of pulmonary edema and pneumonia in Theresienstadt camp, and his mother was sent to Auschwitz from Theresienstadt and was murdered there as well.
On April 27, 1945, Frankl was liberated by the Americans. Among his immediate relatives, the only survivor was his sister, who had escaped by emigrating to Australia.
It was due to his and others' suffering in these camps that he came to his hallmark conclusion that even in the most absurd, painful and dehumanized situation, life has potential meaning and that therefore even suffering is meaningful."


Às vezes, confundo-me e julgo-me um misantropo.

Na verdade, sou um filantropo. De outro modo, já teria desistido de procurar a humanidade e fazer dela uma utopia realizada. E é este espírito filantrópico, suspeito, que me sustenta.

"If we take man as he is, we make him worse. If we take him as he should be, we make him capable of becoming what he can be." With a lot of accent, doctor Frankl. But, above all, with a lot of heart.

16/01/2011

De fiapos e desafios



Tiro esta foto e medito nos fiapos da bandeira derrotada. Que este mundo desapareceu e continuo a ler, a ouvir e a (tentar, com sucesso diminuto) respeitar aqueles que se definem em relação a ela. Por oposição, por herança, por atrito.

E sei que não é isto. Que precisamos de um mundo novo. Que seja nosso e não da história. Que seja de todos e para todos os que não vêem um bloco de betão no futuro.

Se chegaremos a tempo? Provavelmente, não. Mas não é isso que interessa. No fim, o que interessa é lutar, para que alguém se inspire e continue. Até que uma pessoa a mais, uma criança a menos nas garras da pobreza, outra criança que desafiou as estruturas sociais para se tornar um cidadão crítico, activo e capaz de transcender fronteiras mentais extrínsecas, possa mudar o mundo.

Medito nos fiapos da bandeira derrotada. Penso que o meu destino também seria o do fanático Soljenitsin. Que a Internacional já só ribomba em cabelos grisalhos, e eu gostaria de deixar, como herança, mais que canções. Embora as canções sejam belas, não chegam. É preciso que haja onde ressoarem. É preciso que haja almas capazes de interpretá-las, absorvê-las.

Como diz na minha (de momento, não muito) universidade, "Die Philosophen haben die Welt nur verschieden interpretiert; es kommt aber darauf an, sie zu verändern".

Sim. E deixarmos os fiapos em museus; que nos orgulhemos em segredo ou em público; mas que transformemos.

12/01/2011

Shut down your eyes while leaving


So you left.

But you never considered the tears.

Not the feverish tears.

Just the tears, those swarms of oceanly bees
which played on us like a theft.

So you forgot the heart
that thing, that forgotten world
that fears.

Because we were the seas
of empty islands
and fleeting starts.

Because we were
the choiceless fates
the glowing darts
of heaven gone blue.

So you left.

And we were mates no more.
just a growing gentle hue
a fading light of yore.

So you left.

And I keep whatever glimpse of true
remains in the shade of threads,
the poet's threads, you see,
those puny little marvels
you morphed to shreds,

when you
left
when we
were burglars in love
while we
played thieves on a whim
and then

you left again again,
again again,
again again,

jazz went dark on us and we are no longer groove.

And you threaded heavily on my dreams,
just as he cautioned in our sleep.

It was the almighty spark we lost that
day
because you took it from
me
and I took a dark passenger from
you.


So you are no longer there and
these letters are echoes.
I am departed to glowing shores,
searching for a treasure trove which may conceal
whether -me or -you or -us or -never -please
-stories -told -goawaywhileyouarestillaliveinme,
I don't know. But I'll search, for your sake,
in the wake of your fading in me.

So you left. And it is dark. And we no longer see,
we may only look,
with a single eye closed.

08/01/2011

The foundation



So.

Here we are.

All lonely in the night before.

All thinking about things to come, things to be, things to go, places to believe, places to make love at.

But you're still lonely, and your skin is starting to wrinkle. You are no longer Jack's nightmares. Jack is your dream come true and you're scared to death. Why did it happen?, you ask. Why do I face the sky and the stars without music, just a brief glimpse of sound in the dark?

We want very big, very awesome, drapely shadows on our eyes while we sense the future. But our future is doomed to be as beautiful as we suggest our omens to be. We pay, sometimes handsomely, to have our egos brushed to oblivions of bliss. But we are still seekers of light, seekers of dark, seekers of neverdownonawhim.

So I am Jack. Kerouac, let it be for the moment. And I travel. And I never soothe myself with the idea of standing idle and oblivious, always a late-night visit, always a beer to drink, always-always-always-always we discover nights be dancers and we are never to stop, to be revolutions in the makings of solitude.

I have traveled today. I have grown in alleys, stood by their light, by the light in the eyes of mongrels and babies. And the light astonished me, I found myself astonishable and that seemed quaint.

I miss the sense of distant loneliness. Of being against it in my body because I could shape it as a long lost friend. Now that it is become my piano-player, I no longer miss it. But we are keen to miss, keen to lose.

And we await. The moment of awaiting is our foundation.

Because strength is truly what makes all other virtues possible.

So do your strength. Do your strong as naively as possible and you may yet survive. You need a kiss if you don't play strong. So play weak. Kissers are weak, they become weak as they melt.

It's been a long time since I melted.

Perhaps not as strong as before. Perhaps strength is leaving for more prosperous shores. Tomorrow we set foot on the land of loss. And we will face the darkness upright, as we always have.

Don't mind my games. That's my plead to you.

01/01/2011

A Zed, two L's and a heartfelt desire to become a dream



"(...) Do you think I may live in this tune forever?". "Perhaps. All you gotta do is dream up high, high as the sky will let you. And then let go of your fears and your deaths and your earthly desires, never weigh more than a feather's wish, never sleep so quietly as to depart from your friend's beliefs or your lover's eyes". "That's all? Well then, I'm just a mile apart from pure bliss..."