26/03/2011

É fácil trocar as palavras. Difícil é interpretar os silêncios.


"É fácil trocar as palavras,
Difícil é interpretar os silêncios!
É fácil caminhar lado a lado,
Difícil é saber como se encontrar!
É fácil beijar o rosto,
Difícil é chegar ao coração!
É fácil apertar as mãos,
Difícil é reter o calor!
É fácil sentir o amor,
Difícil é conter sua torrente!

Como é por dentro outra pessoa?
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.

Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição
De qualquer semelhança no fundo."


E eis que me vejo a ler Pessoa. São momentos da vida.

22/03/2011

Nas vésperas da crise, continuamos a querer outro mundo.



É uma boa altura para voltar a acreditar.

Em qualquer coisa.

Em qualquer coisa que não seja este estertor e esta narrativa bafienta e esta eterna obsolescência a que adamastores, sonegadores, velhos do restelo e gestores competentes nos condenam todos os dias das nossas vidas.

Pois bem: Chega.

Chega de cortes, chega de violência, chega de melancolia e chega, acima de tudo, chega de conformismo. Não salvem bancos, salvem pessoas. É isso que vamos fazer. De uma vez por todas, criar uma vida nova, viver uma criatividade nova. Para todos, tudo. Liberdade, o direito à livre expressão, coisas belas e radiantes para toda a gente. É o que eu quero. É o que tu queres. Portanto, que esperas?

Portugal - Uncut!

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16/03/2011

Yi yi



Vida improvisória. Farto de partidas e voltas trocadas, saudades adiadas, coisas perdidas. Cansado de recobrar - isto de respirar fundo e só-mais-uma-vez-para-fechar requer uma inquebrável força.

Redimo-me ou perco-me ofuscado na luz.

Vida improvisória. Que eu já nem sei onde pára essa coisa chamada serenidade.

07/03/2011

End of chapter



Porquê?

Porque preciso de sentir que está concluído. E que não há pontas soltas. Para que não sobrem assombrações ou espectros impunes.

Sei que isto é difícil de compreender. Somos ensinados a tomar decisões rápidas, a agir por omissão e a resolver tudo com a maior linearidade possível.

Espero que essa sensação de closure surja agora; que não estiquemos este tempo até se tornar uma memória morta-viva. Que possamos respeitar-nos, eventualmente; não agora, mas um dia. Sei que tentei. Às vezes, desesperado. Outras, sabendo que era a pior escolha. Ainda outras, reconhecendo que não devia gastar assim a minha energia. Mas não pude evitá-lo. Agora, que já não resta absolutamente nada, que já nem sequer te reconheço - foram demasiadas coisas que nunca poderei compreender -, posso dizer que só preciso de sentir que este capítulo está, finalmente, encerrado. Seis meses de travessia no deserto e uma tristeza que nunca mais quero carregar aos ombros.

Doeu e ainda dói. Mas preciso de aceitar essa dor-tristeza. E trilhar outro caminho qualquer.

02/03/2011

Utopia?



Cidade
Sem muros nem ameias
Gente igual por dentro
Gente igual por fora
Onde a folha da palma
afaga a cantaria
Cidade do homem
Não do lobo, mas irmão
Capital da alegria

Braço que dormes
nos braços do rio
Toma o fruto da terra
É teu a ti o deves
lança o teu desafio

Homem que olhas nos olhos
que não negas
o sorriso, a palavra forte e justa
Homem para quem
o nada disto custa
Será que existe
lá para os lados do oriente
Este rio, este rumo, esta gaivota
Que outro fumo deverei seguir
na minha rota?


Dia 12, estaremos lá.