27/12/2010

Noite Escura


(algures na primeira década do séc. XXI)

Quando nos perdemos,
nesta noite escura,
os nossos corações
eram um choro
que se despedia.

E éramos, uma vez mais,
duas notas dissonantes
dois astros discordantes.

Quando nos recolhemos,
nesta noite escura,
os nossos olhos
já não eram um silêncio
que se assobia.

E escondemos as mágoas,
porque as despedidas
sabem velar a saudade.

Quando nos desconhecemos,
nesta noite escura,
os nossos corpos
eram rios
que desdenhavam a alegria.

E calámo-nos,
porque o nosso segredo
é a cumplicidade.

Quando esquecemos,
nesta noite escura,
os nossos medos
já só eram espíritos
ansiando por magia.

E separámo-nos,
ativemo-nos um momento.
Afluindo ao mesmo futuro,
confessávamos, entredentes.

Que, nesta noite escura,
tu e eu somos seixos
molhados pelas lágrimas
das estrelas cadentes.

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