16/01/2011

De fiapos e desafios



Tiro esta foto e medito nos fiapos da bandeira derrotada. Que este mundo desapareceu e continuo a ler, a ouvir e a (tentar, com sucesso diminuto) respeitar aqueles que se definem em relação a ela. Por oposição, por herança, por atrito.

E sei que não é isto. Que precisamos de um mundo novo. Que seja nosso e não da história. Que seja de todos e para todos os que não vêem um bloco de betão no futuro.

Se chegaremos a tempo? Provavelmente, não. Mas não é isso que interessa. No fim, o que interessa é lutar, para que alguém se inspire e continue. Até que uma pessoa a mais, uma criança a menos nas garras da pobreza, outra criança que desafiou as estruturas sociais para se tornar um cidadão crítico, activo e capaz de transcender fronteiras mentais extrínsecas, possa mudar o mundo.

Medito nos fiapos da bandeira derrotada. Penso que o meu destino também seria o do fanático Soljenitsin. Que a Internacional já só ribomba em cabelos grisalhos, e eu gostaria de deixar, como herança, mais que canções. Embora as canções sejam belas, não chegam. É preciso que haja onde ressoarem. É preciso que haja almas capazes de interpretá-las, absorvê-las.

Como diz na minha (de momento, não muito) universidade, "Die Philosophen haben die Welt nur verschieden interpretiert; es kommt aber darauf an, sie zu verändern".

Sim. E deixarmos os fiapos em museus; que nos orgulhemos em segredo ou em público; mas que transformemos.

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