29/05/2013

Inércia

São estas as rochas inertes
em que debatemos o mundo.

São estas as rochas inertes
devedoras da vida.

São estas as rochas inertes
imersas em fúria vencida.

São estas as rochas inertes
vencedoras do universo profundo.

Em que cortamos as sementes do novo,
porque não vogamos à velocidade das rochas,
e olhamos a inércia em fugas derrotadas
(pelas dobras dos olhos fechados).

São estas as rochas inertes
onde morrem histórias fechadas.

Em que debruamos o destino
a golpe de mágoas separadas
(pelo trilho de passos despidos).

São estas as rochas vazias
onde revemos todos os instantes
                                    [vividos]

São estas as rochas caladas
onde revemos todos os erros
                                    [incorridos]

Foram aquelas as rochas inertes
onde admitimos o silêncio
onde recuperámos a perda
onde respirámos fundo,

para esquecer todas as sílabas sincopadas
e fingir que não desenhamos as nossas formas
                                                           [desesperadas]
enquanto te sentas, à espera de uma fábula.
                                                           [adeus, é desta?]

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