"Chega aqui. Quero contar-te uma história. Não tenho muito tempo, sinto os joelhos a liquefazerem-se. É importante que a ouças. Para mim, pelo menos". "Estou de partida. Despacha-te, velho, se é assim tão importante". "Serei, se mo permitires. A brevidade vem com a velhice: percebemos que o silêncio é o sono da palavra, e, neste mundo ensurdecedor, já falamos demais". "Pois. Que história, então?"
Era uma vez. Todas as histórias de encantar parecem iniciar-se por esta expressão, suponho. E esta não é uma história de encantar dotada de encantos invulgares, odores mágicos ou reinos esquecidos. É uma história de encantar, ou desencantar, se o teu coração quiser lê-la assim, tão vulgar e desbrilhosa como milhares de outras, desvanecidas. Mas sim, era uma vez.
A esmeralda calou-se. Sentiu que o seu verde, pelo primeiro momento em milénios, soçobrava. Algo estava errado.
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